Vemos que por vezes as mensagens nos falam em “desertos”, no plural (
“os desertos”, no plural ( “ os desertos que atravessei ” Djavan ; “há léguas
cansativas , desertos medonhos” , Zé Ramalho ) e também vemos o uso do termo “
estradas” , assim, no plural ( “solto a voz nas estradas”). Isso nos informa que o retirante existencial andarilho missionário
não faz apenas uma viagem, uma andada, mas outra, pelo menos. Uma pessoa pode
querer partir de sua cidade até o Rio de Janeiro do Cristo Redentor mas depois
entender que o seu sonho, o seu destino verdadeiro, onde deve se florescer em
sua realização é Brasília ( Brasília é a nova capital; é onde estão as novas
oportunidades – se pode assim pensar ) e assim resolver seguir para Brasília
desde o Rio de Janeiro e seguir ainda na mesma perspectiva, no mesmo sentido de
quando partiu de seu lugar de origem, andando, no mesmo sentimento , mantendo o
clima , o princípio. Alguém pode sair
andando até New York desde Indiana, e de lá se resolver seguir para Virgínia,
na mesma perspectiva, andando ; alguém pode sair de Liverpool andando até
Londres mas de lá resolver ir até Bristol, por já em Londres entender que o que
está buscando pode estar em Bristol. Por isso é que são usados os termos
“desertos” e “estradas” , assim, no plural. Na música “Caminhemos” , Nelson
Gonçalves nos fala algo como “estrada alongada”, quer dizer, estrada que se faz
mais do que seria a princípio, na partida. Interessante notar aqui o modo como ele diz:
“parto à procura de alguém ou à procura de nada” , sendo que essa letra foi
composta após a aventura da viagem peregrina, esse “alguém” bem pode estar se
referindo a Jesus, tendo-o encontrado, no que, não encontrá-lo significa
encontrar “nada “. Nota-se aqui também que o partir pela estrada caminhando
relaciona-se a um amor malfadado ; um amor que não deu certo e que marcou muito
fundo na pessoa.
Caminhemos
Nelson Gonçalves
Não/eu não posso lembrar que te amei/Não/ eu preciso esquecer que
sofri/Faça de conta que o tempo passou/E que tudo entre nós terminou/E que a
vida não continuou pra nós dois/Caminhemos, talvez nos vejamos depois/Vida
comprida, estrada alongada/Parto à procura de alguém, à procura de nada/Vou
indo, caminhando sem saber onde chegar/Talvez que na volta, te encontre no mesmo
lugar https://www.youtube.com/watch?v=xWKpqNI DVm8
Na música “Brasília” há um clima de mistério e magia, além de falar de
uma cidade profetizada há milênios:
Brasília
Guilherme Arantes
Brasília)/(Uh...! Brasília)/(Uh...! Brasília) https://www.youtube.com/watch?v=N9xPslO uAy4
Moraes Moreira nos falando de Brasília canta
: “Brasa brilha/Faz do coração/Ave da família/De arribação / Nave atrás da
trilha”
Asas de Brasília
Moraes Moreira
Asas de Brasília/Viva!/Brasa brilha/Faz do coração/Ave da família/De
arribação/Nave atrás da trilha/Vai na paz dessa canção/Nem todo dia é de
sol/Nem toda noite é de lua/Nem toda luz é farol/Que no teu céu azul flutua
Não há no momento essa música isoladamente, mas no disco “Bazar
Brasileiro”; veja em 25:10
Já o Djavan, falando de Brasília, nos canta: “Minha Foz do Iguaçu / Pólo
Sul, meu azul/Luz do sentimento nu... “
Linha Do Equador
Djavan
Luz das estrelas/Laço pro infinito/Gosto tanto dela assim/Rosa
amarela/Voz de todo grito/Gosto tanto dela assim//Esse imenso, desmedido
amor/Vai além de seja o que for/Vai além de onde eu vou/Do que sou, minha
dor/Minha Linha do Equador//Esse imenso, desmedido amor/Vai além que seja o que
for/Passa mais além do//Céu de Brasília/Traço do arquiteto/Gosto tanto dela
assim/Gosto de filha, música de preto/Gosto tanto dela assim//Essa desmesura de
paixão/É loucura de coração/Minha Foz do Iguaçu/Pólo Sul, meu azul/Luz do
sentimento nu//Esse imenso, desmedido amor/Vai além que seja o que for/Vai além
de onde eu vou/Do que sou, minha dor/Minha Linha do Equador//Mas é doce morrer
nesse mar de lembrar/E nunca esquecer/Se eu tivesse mais alma pra dar, eu
daria/Isso pra mim é viver
Aqui com Caetano Veloso:
Aqui, com Claudio Zoli
Em “Flor do Cerrado”, Gal Costa, numa composição de Caetano, no fala:
“Todo fim de mundo é fim de nada é madrugada /E ninguém tem mesmo nada a perder
/Eu quero ver, olho pra você, tudo vai nascer”
Flor do Cerrado
Gal Costa
Todo fim de ano é fim de mundo e todo fim de mundo /É tudo que já está
no ar, tudo que já está/Todo ano é bom todo mundo é fim, você tem amor em mim
?//Todo mundo sabe e você sabe que a cidade vai sumir por debaixo do mar /É a
cidade que vai avançar, e não o mar, você não vê/Mas da próxima vez que eu for
a Brasília /Eu trago uma flor do cerrado pra você /Mas da próxima vez que eu
for a Brasília /Eu trago uma flor do cerrado pra você/Tem que ter um jeito e
vai dar certo e Zé me diz /Que ninguém vai precisar morrer para ser/Para tudo
ser eu você/Todo fim de mundo é fim de nada é madrugada /E ninguém tem mesmo
nada a perder /Eu quero ver, olho pra você, tudo vai nascer /Mas da próxima vez que eu for a Brasília /Eu trago uma flor do
cerrado pra você
“Flores do Cerrado” é uma música de Alceu que pelo título dialoga com “Flor
do Cerrado” de Caetano; e é uma música envolvida em certa tensão, “briga”,
‘pedir desculpas sinceras’, etc.
Flores do Cerrado
Alceu Valença
O amor pra ser bonito pressupõe cumplicidade/Caminha para o infinito,
dura toda eternidade/Mas se uma briga acontece,/não ligue pra vaidade//É
preciso ter cuidado pra não morrer de saudade/Colher flores no cerrado, não
liga pra vaidade/Pede desculpas sinceras, não é passar por covarde
Aqui, Brasilia é veementemente evocada de um modo critic, vivenciado:
Te Amo Brasília
Alceu Valença
Estava tão lobo nos bares da vida/Sangrava a
ferida do meu coração/e uma doida donacharmosa e tão linda/com tudo de cima me
botou no chão // -Qual é o seu nome?/-Me chamo Brasília/Sabia que um dia / Ia
te encontrar/Ela só queria/ Eu quase acredito/Quebrar o meu mito/E me
abandonar...//Se teu amor foi/Hipocrisia!/Adeus Brasília/Vou morrer de
saudade/Se teu amor foi/Hipocrisia!/Adeus Brasília/Vou prá outra cidade.../Lê
Lê Lê Lê Lê Lê/Lê Lê Lê Lê Lê Lê/Lê Lê Lê Lê Lê Lê...//Agora conheço/Sua
geografia/A pele macia/Cidade morena/Teu sexo, teu lago/Tua simetria/Até qualquer
dia/Te amo Brasília.../Se teu amor foi/Hipocrisia!/Adeus Brasília,/Vou morrer
de saudade/Se teu amor foi/Hipocrisia!/Adeus Brasília/Vou prá outra
cidade...//Agora conheço/Sua geografia/A pele macia/Menina morena/Teu sexo, teu
lago/Tua simetria/Até qualquer dia/Te amo Brasília...//Se teu amor
foi/Hipocrisia!/Adeus Brasília/Vou morrer de saudade/Se teu amor
foi/Hipocrisia!/Adeus Brasília/Vou prá outra cidade...
Oswaldo Montenegro também fala em Brasília envolvendo-a também em um
clima tenso: “faca no ar”, “desabafar, etc. Parece que um algo tenso permeia a viagem dos andarilhos por Brasília, pelo
Planalto Central, pelo Cerrado.
Léo e Bia
Oswaldo Montenegro
No centro de um planalto vazio/Como se fosse em qualquer lugar/Como se a
vida fosse um perigo/Como se houvesse faca no ar/Como se fosse urgente e
preciso/Como é preciso desabafar/Qualquer maneira de amar varia/E Léo e Bia
souberam amar/Como se não fosse tão longe/Brasília de Belém do Pará/Como castelos
nascem dos sonhos/Pra no real, achar seu lugar/Como se faz com todo cuidado/A
pipa que precisa voar/Cuidar de amor exige mestria/E Léo e Bia souberam amar
Aqui, com Oswaldo Montenegro e Zeca Baleiro: https://www.youtube.com/watch?time_contin ue=5&v=1ghDD2wpGAw
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