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E Qual é Dessa Viagem ?

Mas qual será o motivo que leva alguém a empreender tal viagem solitária, andando pelo mundo noite e dia, sol e chuva ? Poderia simplesmente ser o motivo de buscar seu intento em outro canto, em outro lugar. Muita gente resolve viajar por muitos motivos, porém essa viagem em que se determina fazer andando assume um caráter muito próprio, pessoal, e tem algo de peregrinação, de missionário ( veremos isso mais adiante ) , algo incomum. Pela letra da música “ Você é a Única “ , de Zé Ramalho, podemos perceber que se passa um momento muito difícil em que se “pensa em desistir”. Esse “desistir” se desdobra em “pegar mundo afora e partir”. Aqui, mais especificamente o Zé nos fala em rejeição familiar e amizades incompletas, porém devemos constatar outros motivos ou algum motivo mais forte para essa viagem de atravessar deserto , isso a partir da análise de outras letras de músicas segundo eles mesmos, protagonist Vestígios da Luz 249 que desce nas veias dos corações/Ou é uma prece que tece a teia de novas paixões/Das bandeiras perdidas/Rasgadas nos mastros das religiões/Que são guardiões da culpa, da dor!//Eu sei que o que você precisa/Nesse momento é de muito dinheiro/Pra pagar suas contas e dívidas/Com a vida e com Deus/Mas não são os meus pecados/Que irão lhe absolver/É muito mais a ideia/De enfrentar o problema e de resolver//Não vou cometer um erro banal/Pra te convencer, eu quero é poder!/Poder infinito de te conhecer/Você é a única coisa que eu quero/Nesse mundo vão/Me dê sua mão, a voz, já vou! https://www.youtube.com/watch?v=RmLnGf k8Fng Na música “Descer a Serra”, Guilherme Arantes, além de reforçar a ideia da viagem passo a passo pela estrada, de ponta a ponta, quando nos diz : “bebi cada quilômetro medicinal “significando que cada quilometro foi ‘bebido’ , ou seja ‘consumido’ , remete à ideia de ter sido ‘andado’ então; e também, que medicinal seria se estivesse falando em se ir cada quilômetro em viagem sobre rodas ? O termo “medicinal” , por sua vez, sugere que a estrada tem algum efeito terapêutico se andada. Assim, algum problema de saúde, possivelmente mental, talvez espiritual, pode ser uma motivação para fazer essa travessia “medicinal”. O Guilherme nos diz ainda que ‘ ali na beira matagal da linha, sempre iria embora’, mas vá saber o que ele quer dizer com essa Vestígios da Luz 250 metáfora muito pessoal usada, né ? Descer a Serra Guilherme Arantes Tirei um dia de Sorocabana/Bebi cada quilometro medicinal/Ali, na beira matagal da linha/Eu sempre iria embora//Peguei o meu amor e fui descer a serra/De conga esporte, de beija-flor/De roupa velha, vento e vapor https://www.youtube.com/watch?v=ubPycmk EHHI Voltando ao Marcelo Nova com o seu “Camisa de Vênus “, temos aqui algo que sugere também um motivo de se ir nessa viagem, e que remete também a uma rejeição, no que pode vir a ser também um problema da sua mente em confusão, segundo ele mesmo atesta: “ e eu ficava com a impressão que essa cidade estava contra mim “. Imagine como pode ficar a cabeça de alguém para quem toda a cidade está contra. É algo para que forçosamente a pessoa só pense em se mandar; “picar a mula” ! Lena Camisa de Vênus Lena como foi que aconteceu/Tanto tempo já passou/Você foi dar um mergulho/E por pouco não se afogou/Lena você ainda se impressiona/Com carros sem capota/Com Vestígios da Luz 250 discos de Bob Dylan/E madames com cara de idiotas/Lena onde estão aquelas fotos/Com você pousando nua/E que livravam a minha cara/Quando você estava na rua/Lena veja o que o tempo faz/Com as pessoas que não querem/Perder o gás//De sair na sexta à noite/Você logo ficava afim E eu ficava com a impressão/ Que essa cidade estava contra mim/Em Nova Iórque foi ao Village/Pegou um táxi Down Town/Apertou a mão de Ian Hunter/Hei isso aqui não é nada mal/Já voamos a favor do vento/Nadamos contra correnteza/Mas nada foi suficiente/Isso nós já temos certeza//Lena veja o que o tempo faz/Com as pessoas que não querem/Perder o gás//Lena como foi que isso aconteceu/Tanto tempo já passou/Você foi dar um mergulho /E por pouco não se afogou /Lena você ainda se impressiona/Com aqueles carros antigos vermelhos sem capota/Com discos de Janis Joplin/E madames com cara de idiotas/Lena onde estão aquelas fotos/Com você nua/E que livravam a minha cara/Quando você estava na rua//Lena veja o que o tempo faz/Com as pessoas que não querem/Perder o gás https://www.youtube.com/watch?v=hkwForm UvCo Em “Ovelha” de Edson Gomes, a ideia de pegar estrada em caminhada está diretamente relacionada a uma desilusão, a um desgosto. Edson Gomes nos afirma entre outras que ’ já não liga para mais nada , nem mesmo para a namorada, que lhe deu Vestígios da Luz 252 o coração’ e em seguida afirma que vai mesmo assim, que vai caminhar. Uma alusão a sua caminhada por estrada. Ovelha Edson Gomes Há dias na vida que a gente pensa que não vai conseguir/Há dias na vida que a gente pensa em desistir/Há dias na vida que a gente pensa em sumir/E a turma la em casa já está apavorada com a minha decisão/É que não ligo mais nada/Nem mesmo a namorada, que me deu o coração/Eu gostaria de ficar com você um pouco mais//Vou por ai, vou mesmo assim, vou por ai//Vou por ai, vou mesmo assim, vou caminhar//Eu também sou a ovelha negra da família https://www.youtube.com/watch?v=DptkZTer cJg Em “ Quem me levará sou eu “ , Fagner nos parece reportar a viagem pela estrada apenas por uma aventura com perspectivas de coisas boas, positivas acontecerem no seu local de destino. Aqui não se percebe de claro modo algo factível, algum problema que induza a se mandar andando pela estrada. Mas a despeito de não haver aparentemente qualquer menção específica a algo que seja um problema de motivação dessa viagem , no que começa se expressando “ amigos a gente encontra; a vida não é só aqui “, vai algum Vestígios da Luz 253 ressentimento , desilusão, algo que não tá batendo bem e “por lá” se pode alcançar. Fica patente também a viagem caminhada quando nos fala “cidades são casas de braços” o que significa as pessoas que podem ajudar nas cidades em que passa em caminhada. Quem Me Levará Sou Eu Fagner Amigos a gente encontra/O mundo não é só aqui/Repare naquela estrada/Que distância nos levará/As coisas que eu tenho aqui / Na certa terei por lá/Segredos de um caminhão/Fronteiras por desvendar/Não diga que eu me perdi/Não mande me procurar/Cidades que eu nunca vi/São casas de braços a me agasalhar/Passar como passam os dias/Se o calendário acabar/Eu faço contar o tempo outra vez sim/Tudo outra vez a passar/Não diga que eu fiquei sozinho/Não mande alguém me acompanhar/Repare a multidão precisa/De alguém mais alto a lhe guiar/Quem me levará sou eu/Quem regressará sou eu/Não diga que eu não levo a guia/De quem souber me amar https://www.youtube.com/watch?v=vLDzTw CsTZk Em “Noturno” , a viagem está relacionada a uma desilusão. Percebemos em “se hoje sou deserto “ , quer dizer, ‘se foi parar no deserto , é que não sabia que as flores com Vestígios da Luz 254 o tempo perdem a força e a ventania vem mais forte “, significando que uma ventania forte e outra depois mais forte ainda lhe causou algum insucesso. A “ventania” ( ou “vento” ) também é um fator relatado em relação à adversidade em muitos nesse contexto. Noturno Fagner O aço dos meus olhos/E o fel das minhas palavras/Acalmaram meu silêncio/Mas deixaram suas marcas/Se hoje sou deserto/É que eu não sabia/Que as flores com o tempo/Perdem a força/E a ventania vem mais forte//Hoje só acredito/No pulsar das minhas veias/E aquela luz que havia/Em cada ponto de partida/Há muito me deixou//Ahhhh, coração alado/Desfolharei meus olhos/Nesse escuro véu/Não acredito mais/No fogo ingênuo da paixão/São tantas ilusões/Perdidas na lembrança/Nessa estrada/Só quem pode me seguir sou eu/Sou eu, sou eu, sou eu https://www.youtube.com/watch?v=0xZqBA HFRhg Como em “Noturno”, onde Fagner se queixa da “ventania”, em “ Alegria , Alegria “ , Caetano Veloso começa em afirmar “caminhando contra o vento”. O vento aí é um algo adverso, uma espécie de vilão. O vento é algo então que incomoda, que desmancha , que destrói, que derruba , enfim , aqui em Caetano , o vento representa Vestígios da Luz 255 algo que desestrutura, que vem soprando e contra o que o Caetano vai caminhando contra. Alegria Alegria Caetano Veloso Caminhando contra o vento/Sem lenço e sem documento/No sol de quase dezembro/Eu vou/O sol se reparte em crimes/Espaçonaves, guerrilhas/Em Cardinales bonitas/Eu vou//Em caras de presidentes/Em grandes beijos de amor/Em dentes, pernas, bandeiras/Bomba e Brigitte Bardot//O sol nas bancas de revista/Me enche de alegria e preguiça/Quem lê tanta notícia/Eu vou//Por entre fotos e nomes/Os olhos cheios de cores/O peito cheio de amores vãos/Eu vou/Por que não, por que não/Ela pensa em casamento/E eu nunca mais fui à escola/Sem lenço e sem documento/Eu vou//Eu tomo uma CocaCola/Ela pensa em casamento/E uma canção me consola/Eu vou//Por entre fotos e nomes/Sem livros e sem fuzil/Sem fome, sem telefone/No coração Vestígios da Luz 256 com a problemática de um “tempo” que sacode a cabeleira de tal forma que faz um cego a vaguear á procura de alguém. Frevo Mulher Zé Ramalho Quantos aqui ouvem os olhos eram de fé/Quantos elementos amam aquela mulher/Quantos homens eram inverno outros verão/Outonos caindo secos no solo da minha mão/Gemeram entre cabeças a ponta do esporão/A folha do não-me-toque e o medo da solidão/Veneno meu companheiro desata no cantador/e desemboca no primeiro açude do meu amor/É quando o tempo sacode/A cabeleira/A trança toda vermelha/Um olho cego vagueia/Procurando por um http://www.youtube.com/watch?v=T2aKQ9Y hUt0 Em “ E Agora José ?” o sentido caminhar ( para o qual o poeta Carlos Drummond de Andrade quer significar ‘marchar’ ) está relacionado diretamente a vários fatores negativos que acomete uma pessoa, no caso aqui , “José” : ‘o fim da festa’ ( significando o fim de tempos bons, divertidos ) , ‘a solidão’ ( pois “está sem mulher; está sem carinho” ) entre outros tantos acontecimentos que são relacionados no poema musicado por Paulo Diniz. E motivado por essas negatividades “ José” resolve se por a caminhar, ou melhor, ‘marchar’. O sentido de marchar deve ser Vestígios da Luz 257 por causa da caminhada determinada no passo a passo, como caminha a pessoa nesse contexto. E Agora José ? Paulo Diniz E agora, José?/A festa acabou,A luz apagou,/O povo sumiu,/A noite esfriou,/E agora, José?/E agora, você?/Você que é sem nome,/Que zomba dos outros,/Você que faz versos,/Que ama, protesta?/E agora, José?/Está sem mulher,/Está sem carinho,/Está sem discurso,/Já não pode beber,/Já não pode fumar,/Cuspir já não pode,/A noite esfriou,/O dia não veio,/O bonde não veio,/O riso não veio/Não veio a utopia/E tudo acabou/E tudo fugiu/E tudo mofou,/E agora, José?//Sua doce palavra,/Seu instante de febre,/Sua gula e jejum,/Sua biblioteca,/Sua lavra de ouro,/Seu terno de vidro,/Sua incoerência,/Seu ódio - e agora?//Com a chave na mão/Quer abrir a porta,/Não existe porta;/Quer morrer no mar,/Mas o mar secou;/Quer ir para minas,/Minas não há mais./José, e agora?//Se você gritasse,/Se você gemesse,/Se você tocasse/A valsa vienense,/Se você dormisse,/Se você cansasse,/Se você morresse/Mas você não morre,/Você é duro, José!//Sozinho no escuro/Qual bicho-do-mato,/Sem teogonia,/Sem parede nua/Para se encostar,/Sem cavalo preto/Que fuja a galope,/Você marcha, José!/José, para onde?/Você marcha José, José para Vestígios da Luz 258 onde?/Marcha José, José para onde?/José para onde? Para onde?/E agora José?/José para onde?/E agora José?/Para onde? https://www.youtube.com/watch?v=yUodecrEmo https://www.youtube.com/watch?v=1L9mZIx gaq0 Em “Fera ferida”, Roberto Carlos nos fala de alguns aspectos relativos ao que estamos no momento tratando. Fala em “vendavais constantes” , ideia análoga à da “ventania” , ou mesmo à do “vento” em Caetano Veloso. Roberto aqui nos fala de muitos aspectos negativos de uma vivência atribulada ( “atribulações” bem pode ser o real motivo da viagem ) ; Roberto aqui reforça a ideia de estrada andada e não pouco : “ eu andei demais”, nos diz. Fera Ferida Roberto Carlos Acabei com tudo/Escapei com vida/Tive as roupas e os sonhos/Rasgados na minha saída/Mas saí ferido/Sufocando meu gemido/Fui o alvo perfeito/Muitas vezes no peito atingido//Animal arisco/Domesticado esquece o risco/Me deixei enganar/E até me levar por você//Eu sei quanta tristeza eu tive/Mas mesmo assim se vive/Morrendo aos poucos por amor/Eu sei, o coração Vestígios da Luz 259 perdoa/Mas não esquece à toa/E eu não me esqueci//Não vou mudar/Esse caso não tem solução/Sou fera ferida/No corpo, na alma e no coração/Não vou mudar/Esse caso não tem solução/Sou fera ferida/No corpo, na alma e no coração //Eu andei demais/Não olhei pra trás/Era solto em meus passos/Bicho livre, sem rumo, sem laços/Me senti sozinho/Tropeçando em meu caminho/À procura de abrigo/Uma ajuda, um lugar, um amigo/Animal ferido/Por instinto decidido/Os meus rastros desfiz/Tentativa infeliz de esquecer//Eu sei que flores existiram/Mas que não resistiram/A vendavais constantes//Eu sei que as cicatrizes falam/Mas as palavras calam/O que eu não me esqueci/Não vou mudar/Esse caso não tem solução/Sou fera ferida/No corpo, na alma e no coração//Não vou mudar/Esse caso não tem solução/Sou fera ferida/No corpo, na alma e no coração//Sou fera ferida/No corpo, na alma e no coração/Sou fera ferida/No corpo, na alma e no coração https://www.youtube.com/watch?v=nuYkxM C-Tlg Em “ Clube da Esquina II “ a ideia de ventania está diretamente associada à estrada: “ porque se chamava moço, também se chamava estrada, viagem de ventania” Vestígios da Luz 260 Clube da Esquina II Flávio Venturini Porque se chamava moço/Também se chamava estrada/Viagem de ventania/Nem lembra se olhou pra trás/Ao primeiro passo, aço, aço//Porque se chamava homem/ Também se chamavam sonhos/E sonhos não envelhecem/Em meio a tantos gases lacrimogênios/Ficam calmos, calmos, calmos//E lá se vai mais um dia//E basta contar compasso/e basta contar consigo/ bQue a chama não tem pavio/De tudo se faz canção/E o coração/Na curva de um rio, rio/E lá se vai mais um dia//E o Rio de asfalto e gente/Entorna pelas ladeiras/ Entope o meio fio/Esquina mais de um milhão/Quero ver então a gente,/gente, gente... https://www.youtube.com/watch?v=c8HAiPR Whho Em “Negros Blues” a mensagem da letra reveste a partida, ‘a viagem’, o ‘pegar estrada’, o ‘ir embora’ a também algo adverso, algo que já não Vestígios da Luz 260 a revestir o estradeiro de alguma aura mística, pois se refere ao mesmo como “profeta”. Negros Blues Jorge Mautner e Zé Ramalho Quando os brancos começaram a navegar/Em suas brancas caravelas/Por mares nunca dantes navegados/Não sabiam o que iam encontrar,//Mas bem que dentro de suas cabeças/Haviam sonhos de ouro e de arcas de tesouro/Foram encontrar naquelas terras do além/Do além mar/E os negros em seus navios negreiros/Arrancados lá da África/Da Nigéria e do Congo/E no porão dos navios negreiros/Inventaram a palavra camundongo//E os indígenas/Ah! Os indígenas, quem são?/Mais antigos do que tudo/Do que todos nós/Astronautas, Atlântidas, mongóis/Sei lá... Sei lá.../Eu sei lá.../Mas, quem saberá?//Não há nenhum ressentimento/Nem pingo de um outro sentimento/Nas palavras que eu digo/Nas palavras, meu amigo//Somente quem tiver caos dentro de si /poderá dar luz a grande estrela bailarina!/Não há nenhum desejo de vingança!/Só quero a paz e a esperança/por cima desse ombros seus/Por cima desses ombros meus/O viajante era um cara que ficava viajando de um lugar pro outro/Sem parar / Até que um dia ele começou a viajar/De um lugar para dentro daquele mesmo lugar/E um viajante é sempre um estrangeiro/É um amante da sua Vestígios da Luz 262 solidão/Ultimamente eu ando sem dinheiro/Mas vai pintar conforme a ocasião//E o profeta ficava que nem louco dentro do seu apartamento sem saber como pagar o aluguel/Sonhando com aquela embriagante sombra do oásis do deserto azul/ninguém é profeto em sua terra/verdade triste esse ditado encerra/E é por isso que o profeta vai embora/Pois ele sabe que chegou a sua hora//E o profeta vai embora/Bem na boca da aurora/Exatamente e justamente nessa vigésima quinta hora/Eu gosto muito de olhar para o céu/A estrala da umbanda é igual a de Israel/Viva também a nação muçulmana/Pois somos todos lá da Torre de Babel/Por isso Shalom Shalom/ Salamaleicon maleicon salaam/ Saravá bolofé / Quero todo mundo muito Odara /E com muito muito axé//É que a nossa mãe comum ela é africana /Agora ela é sulamericana/Ou Iansã e Iemanjá/E a rainha de Sabah /Passará o céu e a terra/Pois o que dizem minhas palavras/Não passará/Jesus o nazareno, o carpinteiro/Amai-vos uns aos outros/Atire a primeira pedra aquele que dentre vos nunca pecou//Tudo é divino /Tudo é maravilhoso/Eu gosto tanto/Do Caetano veloso, Gilberto Gil e esses negros blues/Eu sou dos sambas e dos maracatus/Eu sou dos xotes, dos cocos, dos xaxados e dos blues/E eu também gosto das canções hindus/E também del tango, si, como no?/Pero, só se for à media luz/E também del tango, Carlos Gardel/Gilberto Gil e estes negros blues/ Gilberto Gil e estes negros blues//Gilberto Gil, Tim Maia,Milton Vestígios da Luz 263 Nascimento, Stevie Wonder, Ray Charles, Bob Marley, Jimmy Cliff, Clementina de Jesus, Paulinho da Viola, Nelson Cavaquinho, Matinho da Vila, Black Out, Jards Macalé, Gasolina , Heitor dos Prazeres, Ataulfo Alves, Lupicínio Rodrigues, Wilson Batista, Luiz Melodia, Assis Valente e estes negros, negros blues!!! https://www.youtube.com/watch?v=ygZBj2O HAwU Em “Monólogo das Grandezas do Brasil”, Belchior se diz cristão andando a pé. Fala em falta de sossego, mas também fala em falta de grana para pagar o trem: Monólogo das Grandezas do Brasil Belchior Todo mundo sabe/todo mundo vê/Que tenho sido amigo da ralé da minha rua/Que bebe pra esquecer que a gente/É Vestígios da Luz 264 nuclear./Como uma metrópole,/O meu coração não pode parar/Mas também não pode sangrar eternamente/Tá faltando emprego/Neste meu lugar/Eu não tenho sossego/Eu quero trabalhar/Já pensei até em passar a fronteira./- eu vou pra São Paulo e Rio/(Eldorados da além-mar)/A estrada é uma estrela pra quem vai andar./Oh! Não! Oh! Não!/Ai! Ai! Que bom que é/A lua branca, um cristão andando a pé!/Ai! ai! que bom, que bom se eu for/Pés no riacho, água fresca, nosso senhor!/Vou voltar pro norte/ semana que vem/Deus já me deu sorte/ mas tem um porém/Não me deu a grana/ pra eu pagar o trem. https://www.youtube.com/watch?v=jGW1rEf Zs5g Já aqui Belchior nos fala em “andar léguas tiranas”, de até ficarem os pés “feridos”. O termo “léguas tiranas” sugere que é como se fosse uma lei, uma ordem, o de andar, andar e andar pela estrada. Essa tirania possivelmente vem do próprio desafio em si que é cumprir uma viagem dessa á pé. Retrato 3x4 Belchior Eu me lembro muito bem do dia em que eu cheguei/Jovem que desce do norte pra cidade grande/Os pés cansados e feridos de andar léguas tiranas/De lágrimas nos olhos de ler o Pessoa/E de ver o verde da cana//Em cada esquina que eu passava um guarda me parava/Pedia os meus documentos e depois Vestígios da Luz 265 sorria/Examinando o 3x4 da fotografia/E estranhando o nome do lugar de onde eu vinha//Pois o que pesa no norte, pela lei da gravidade/Disso Newton já sabia: cai no sul, grande cidade/São Paulo violento, corre o Rio que me engana/ Copacabana, zona norte e os cabarés da Lapa onde eu morei/Mesmo vivendo assim, não me esqueci de amar/Que o homem é pra mulher e o coração pra gente dar/Mas a mulher, a mulher que eu amei/Não pode me seguir não//Esses casos de família e de dinheiro eu nunca entendi bem/Veloso, o sol não é tão bonito pra quem vem do norte e vai viver na rua/A noite fria me ensinou a amar mais o meu dia/E pela dor eu descobri o poder da alegria/E a certeza de que tenho coisas novas/Coisas novas pra dizer//A minha história é talvez/É talvez igual a tua/ jovem que desceu do norte/Que no sul viveu na rua/Que ficou desnorteado, como é comum no seu tempo/Que ficou desapontado / como é comum no seu tempo/Que ficou apaixonado e violento como você/Eu sou como você/Eu sou como você/Eu sou como você que me ouve agora/Eu sou como você/Como você Para o Marcos Viana, são apaixonados que cruzam o deserto em busca de um oásis. Em outras palavras, a viagem aí é em busca de sorte, de ventura: A Miragem Marcus Viana Vestígios da Luz 266 Ah! Se pudéssemos contar/As voltas que a vida dá/Pra que a gente possa/Encontrar um grande amor.../É como se pudéssemos contar/Todas estrelas do céu/Os grãos de areia desse mar/Ainda assim.../ Pobre coração/O dos apaixonados/Que cruzam o deserto/Em busca de um oásis em flor/Arriscando tudo por/Uma miragem/Pois sabem que há uma fonte/Oculta nas areias Bem aventurados/Os que dela bebem/ Porque para sempre/Serão consolados/ Somente por amor/A gente põe a mão/No fogo da paixão/E deixa se queimar/Somente por amor/Movemos terra e céus/Rasgando sete véus/Saltamos do abismo/Sem olhar pra trás/Somente por amor/E a vida se refaz / Somente por amor/A gente põe a mão/No fogo da paixão/E deixa se queimar Somente por amor/Movemos terra e céus/Rasgando sete véus/Saltamos do abismo/Sem olhar pra trás/Somente por amor/A vida se refaz/E a morte não é mais/Prá nós http://www.youtube.com/watch?v=o0CNGVW 4V9g Em “Ingazeiras”, Ednardo fala-nos de uma sedução que a estrada exerce sobre ele: “ a estrada me seduz”: Ingazeiras Ednardo Nasci pela Ingazeiras/Criado no oco do Vestígios da Luz 267 mundo/Meus sonhos descendo ladeiras/ Varando/cancelas/Abrindo porteiras/Sem ter o espanto da morte/Nem do ronco do trovão /O sul, a sorte, a estrada me seduz//É ouro, é pó, é ouro em pó que reluz//É ouro em pó, é ouro em pó/É ouro em pó que reluz/O Sul, a sorte, a estrada me seduz http://www.youtube.com/watch?v=fwot2oIz3 As Em “Natural”, a mensagem sobre o tema da viagem nos faz entender que para certas pessoas é natural a coisa de pegar estrada: “Como é natural em você acontecer/Um desejo de ver a cor da estrada e desaparecer” Talvez algumas pessoas sejam naturalmente afeitas a essa viagem; já trazem na lama isso, quem sabe: Natural 14 Bis Penso em você, no seu jeito de falar/Sua maneira de ser e perguntar o que é muito natural//Como é natural em você acontecer Um desejo de ver a cor da estrada e desaparecer/Vou seguir os passos e tentar saber/Onde em que cidade se escondeu você//Quero, sem pensar, o seu jeito de calar/De ouvir aquele resto de canção que morre pelo ar/Que brinca pelo ar como coisa natural/Em seu corpo tão sereno acende a Vestígios da Luz 268 velha mania de cantar/Voz do coração deixou, oh, oh/E pergunta sempre onde andará você//Em meu coração há razão, oh, oh/Não esqueço você

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